Caríssimos,
Esta é uma carta aberta que tem como objectivo expor uma situação que causou imensas dores de cabeça. Como todos sabem, há umas semanas fiz um pequeno alerta neste fórum e foram muitas as pessoas que me apoiaram e, inclusive, acrescentaram elementos novos aos que eu próprio descobri.
É um post enorme e agradecia que me ajudassem a divulgá-lo, enviando-me endereços de fóruns ou comunidades onde este tema possa interessar. Obrigado desde já pela paciência de todos.
Mas, começando pelo inicio:
Inscrevi-me no curso XNA Foundation da “empresa” Pixelbox Academy.
O curso deveria ter 8 semanas de duração e ter início a 20 de Março de 2007. Escrevi “empresa” entre aspas porque esta é uma das minhas primeiras grandes dúvidas:
- No site do Registo Nacional de Pessoas Colectivas, fiz uma pesquisa pelo nome “Pixelbox” e não apareceu nada… pesquisei igualmente pelo nome “Bruno Patatas” e, nada!
Para ter a certeza que o serviço online estava a funcionar, pesquisei outras que me lembrei e estavam lá todas, incluindo a Aproje, a Game Invest, etc.
Está aqui o URL para que possam verificar o mesmo que eu:
http://www.dgrn.mj.pt/rnpc/pesquisa/frame_pesq_rnpc.htm
Fiquei logo em alerta pois o facto é que recebi facturas (isto após quase 2 meses de insistência no pedido de uma factura) em nome de uma empresa que não está registada em Portugal. Fui procurar a factura para verificar se tinha nº de Contribuinte e, surpresa a minha, não tinha. Isto apesar da morada ser em Portalegre:
Praça do Município
Apartado 22
Portalegre, 7301-901 PORTUGAL
O primeiro pensamento que tive foi o de que a factura seria antes um documento internacional, sem Número de Contribuinte Português, até porque no fundo da factura está escrito:
PixelBox Academy Incorporated – European Division – PixelBox Academy Portugal is part of PixelBox Academy Kabukishi Kaisha
Mesmo assim, estranhei e pedi a alguns colegas que frequentaram o mesmo curso e pedi para verificarem se a factura deles estaria em ordem. Fiquei surpreendido quando descobri que o problema também existia nas “facturas” deles e detectei algo ainda mais grave: em duas facturas, o número de série sequencial era exactamente o mesmo. Não sei se isto significa alguma coisa, mas o que me ocorreu foi que estaria na presença de facturas falsas.
Um dos colegas tinha ainda uma outra factura, de um curso anterior que fez, e enviou-me uma cópia. Nessa factura existia um número VAT. Até que enfim, algo concreto, pensei eu. Pesquisei o número na net e descobri que o número que a Pixelbox apresentava é o mesmo número VAT da Panini, uma empresa italiana.
Fiquei mesmo muito intrigado.
Isto tudo associado à péssima qualidade do curso que estávamos a ter, fez-me desconfiar que se estava a passar algo muito maior do que simplesmente professores incompetentes.
A desculpa da Pixelbox Academy é que os alunos portugueses é que eram problemáticos demais, dado que as versões do mesmo curso noutros continentes estavam a correr muito bem e as dezenas ou mesmo centenas de alunos estavam a adorar e a saber apreciar o esforço deles.
Ainda sem desconfiar de muito mais, o curso lá ia prosseguindo, já com 2 meses de atraso face à data final prevista e ainda nem a meio íamos. O material que nos facultavam era praticamente copiado e embelezado de alguns tutoriais existentes noutros sites mas o que nos irritava imenso era a má qualidade das aulas em directo. O software usado para este fim era alterado constantemente e sempre com promessas de grande inovação… contudo, metade das aulas que foram dadas foram por chat escrito, como quem está no MSN Messenger e, após muita insistência, as aulas passaram a ser com transmissão de voz.
Ora foi aí que o caldo foi entornado. Os supostos professores (Benjamin Nitschke, Michael Klucher, Tetsuya Mizuguchi) tinham todos uma forma de falar muito estranha… eu diria mesmo que nenhum deles sabia sequer falar bem inglês… e todos eles diziam “chis bócs” em vez de “écse bócs” (para a palavra Xbox).
Chegou um momento em que nos fartámos desta situação e ameaçamos exigir o dinheiro de volta. A “Pixelbox” reagia sempre com grandes reuniões de direcção em Tóquio e alteração até da forma legal da empresa, despedimentos dos responsáveis, etc. e o pedido de desculpas, em que a culpa seria sempre de terceiros e nunca deles. Como insistimos e insinuámos que desconfiávamos de que algo estava errado, eles tomaram a iniciativa de cancelar o curso e devolver o dinheiro a todos. Isto foi em Junho e ainda hoje existem alunos que não viram o dinheiro de volta.
Foi devido a esta situação que ficámos desconfiados que estaríamos a ser burlados logo desde o início e então investigámos o máximo que pudemos. A primeira conclusão foi logo a de que não estaria registada em Portugal qualquer empresa com o nome Pixelbox Academy nem sequer parecido.
Descobrimos igualmente que o dinheiro que transferimos para o pagamento do curso em questão foi para a conta pessoal do sr. Bruno Patatas.
Decidi telefonar para os outros elementos do “Board” da Pixelbox Academy no Japão e, para surpresa minha, os números indicados no site não estão atribuídos. Pesquisei a morada:
PixelBox Academy Inc.
Roppongi Hills, Mori Tower 52F
6-10-3 Roppongi
Minato-ku, Tokyo 106-0032 JAPAN
O local existe.
http://www.roppongihills.com/en/
É apenas um dos locais mais caros para se ter um escritório em Tóquio. Infelizmente o piso 52F é um piso panorâmico, destinado a observar Tóquio a 52 andares de altura. Podia ser um erro tipográfico, por isso decidi ligar para a administração das Rappongi Hills que rapidamente se prestaram a procurar a empresa Pixelbox Academy.
A resposta deles (que eu obviamente pedi para o fazerem por escrito) é que a empresa não existe nem nunca existiu em qualquer um dos espaços comerciais ou de escritórios deles. Mais ainda, após uma busca local, a menina com quem eu falei disse que, estranhamente, a empresa não aparece referenciada em nenhum directório japonês.
Perante esta informação que me deixou incrédulo mas não surpreendido, decidi jogar um pouco o jogo do sr. Bruno Patatas. Quando já passava mais de um mês sem recebermos qualquer dinheiro, e imensas desculpas do , remetendo as culpas para os bancos, câmbios, etc. decidi ameaçar a “empresa” com processos em tribunal, denúncias, etc.
Foi então que apareceu o suposto advogado, Stuart Beraha, com promessas de processos internacionais, etc. etc. e que não poderíamos divulgar qualquer um dos problemas que tivemos no curso nem em qualquer relacionamento com a Pixelbox. Obviamente o email que recebemos veio de uma conta de email da Pixelbox, mais propriamente:
Parte da ameaça:
However, any public exposure of intern PixelBox Academy affairs and PixelBox->Student affairs will result in a lawsuit against the student.
(felizmente estou muito bem documentado e todas estas ameaças foram entregues às autoridades apropriadas).
Pedi ao suposto sr. Beraha os contactos oficiais (morada, telefone, fax) para que o meu advogado pudesse enviar correspondência ou mesmo entrar em contacto directamente com ele. Não fiquei surpreendido quando o tal sr. se recusou a fornecer qualquer contacto, insistindo que o único canal seria o tal email da Pixelbox.
Fiz uma pesquisa na net e descobri que existe mesmo um advogado em Tóquio com o nome Stuart Beraha e que trabalha num das empresas de advogados mais conhecidos do mundo: Morrison & Foerster LLP
Contactei o escritório e, descobri que o tal sr. Beraha não só não me tinha enviado qualquer email com ameaças como nunca ouviu sequer falar de uma Pixelbox Academy. Pediu-me até, educadamente, para não o fazer perder mais tempo com esta questão excepto se ela avançar para os tribunais, uma vez que os negócios deles estão sempre na ordem dos biliões de dollars e que tempo é dinheiro.
Esta informação chegou praticamente ao mesmo tempo que a confirmação de que nenhum dos professores anunciados (Benjamin, Michael e Tetsuya) esteve alguma vez envolvido com o curso em questão ou mesmo com a Pixelbox Academy. O Benjamin disse-me inclusive que nunca percebeu a razão de ser mencionado no site da Pixelbox e de até ter lá uma fotografia dele e que já tinha pedido para ser retirado de lá. Eventualmente irá, ele próprio, agir legalmente contra o Sr. Patatas.
Enfim, neste momento ainda existem alguns colegas que não viram o dinheiro que pagaram no início do ano. Gostaria de pedir para reflectirem comigo. Não estou aqui a fazer qualquer tipo de juízo moral de ninguém e, muito menos, quero levantar falsos testemunhos ou até cometer o crime de difamação. Até agora expus apenas factos dos quais tenho provas concretas.
Mas tudo isto leva-me a pensar em muitas outras questões:
1 - Existem apoios do estado dados a esta empresa que não existe. A Câmara Municipal de Portalegre cedeu meios à Pixelbox Academy. Isto foi feito na maior das boas fés mas, ainda assim, estamos a falar de burla ao Estado;
2 - Existem associações nas quais a suposta empresa Pixelbox está integrada. Numa das associações (a APROJE) o sr. Bruno Patatas é, inclusive, o vice-presidente. Que tipo de significado tem isto? Pois, honestamente não sei mas creio que as pessoas deviam fazer a investigação simples que eu fiz e chegarem às próprias conclusões; Espero que estas associações se pronunciem perante tais factos.
3 - Existe uma suposta empresa (biodroid productions) a ser criada com capitais de empresas sérias e gerida pelo sr. Bruno Patatas. Isto significa que será mais uma empresa ilegal em Portugal, a passar facturas falsas, a utilizar dinheiro dos nosso impostos para por ao bolso?
4 – Quantos de vocês estarão ainda à espera da dita factura que a Pixelbox prometeu enviar e nunca enviou? E quantos de vocês terão uma factura sem qualquer nº de identificação fiscal ou, no caso de o terem, ser um número de uma outra qualquer empresa que não a Pixelbox? Quantas pessoas terão deduzido nos impostos com facturas falsas?
5 – Quantos de nós sonham com um envolvimento no mundo da criação de jogos? Eu sonho, à minha maneira mas sonho!! E, desde o inicio que a Pixelbox se posicionou como “algo” de referência em Portugal. Foi até anunciada como uma das maiores conquistas para Portalegre, na altura em que ainda se falava da Game City. Eu pergunto agora se quem se envolveu em parcerias com a Pixelbox terá feito isto na maior das boas fés ou se, terão igualmente algo a esconder. Falo da Aproje, da Etic, de empresas e associações que eu vi, pessoalmente, envolverem-se com a Pixelbox. E os outros parceiros que eles anunciam no site deles?
Pois… e não me admira muito que o site da pixelbox vá desaparecer nos próximos tempos. Desaparecer ou corrigir os elementos falsos que anunciam.
Felizmente existem print-screens e sites que mantêm um histórico destas coisas que desaparecem de repente.
Enfim, são questões que sugiro a todos que pensem seriamente e que, antes de cederem a ameaças vindas de um qualquer email de uma qualquer Pixelbox, que façam o que eu fiz e investiguem as coisas.
Em determinados fóruns, coisas como estas geraram medo e até fizeram com que o assunto ficasse tabu. Na minha opinião, é essa atitude que faz com que muitos mais sejam enganados no futuro.
Espero que este mega-post não seja censurado. Se o for, todas as Pixelbox desta vida terão ganho!
Nuno F Silva
eluzyon at gmail.com