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< Geral ~ No poupar é que está o ganho |
fernando |
Colocada: Sáb Mai 30, 2009 10:22 am |
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Novo membro
Registo: 13 Dec 2005
Mensagens: 35
Local/Origem: Lisboa
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Acabei de ver uma peca na sic noticias sobre efeitos especiais nos filmes em que o convidado foi o leonel vieira..entre varias coisas falaram dos efeitos visuais no filme dele a arte de roubar..em que ja vi algures neste forum o making of das pessoas envolvidas nos mesmos efeitos,ele a falar ate parecia um entendido em efeitos digitais que segundo ele so apartir de 2003 é que houve evolucao de efeitos digitais, ano em que ele acabou o curso..mas enfim adiante..o que achei interessante foi o facto de ele mencionar que orcamentou os efeitos pretendidos para o filme no Mexico, Argentina e julgo que Alemanha tambem,em que o orcamento ia até a 1 milhao de euros..e que ele basicamente nao gastou um milhao de euros porque houve 2 portugueses que fizeram todos os efeitos digitais do filme um total de cento e tal planos...nao disse em quanto baixou os custos do filme mas certamente nao gastou um milhao de euros com os efeitos digitais..a minha pergunta é: se nós damos a poupar tanto dinheiros aos cineastas deste país quer em publicidade quer em cinema e outros meios porque carga de agua é que continua haver tanto desrespeito pela nossa area e tanta falta de consideracao..ja nao digo acabar com os falsos recibos verdes, terem alguma etica e organizacao profissional, mas quem pelos vistos dá tanto dinheiro a poupar nao devia viver com um pouco mais de dignidade sem ter de contar os tostoes á espera do pagamento de 90 dias e ter de recorrer a software pirata porque o cliente "nunca tem dinheiro"??..enfim..foi só um constatar do estado de coisas em Portugal..
Fernando |
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VirtualFM |
Colocada: Ter Jun 02, 2009 3:55 pm |
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Já faz sozinho
Registo: 28 Jan 2005
Mensagens: 385
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Viva!
Não vi a dita entrevista - com grande pena minha - mas como um dos dois Portugueses que trabalhou nos efeitos posso assegurar que os "cento e tal planos" (118, para ser mais exacto!) não custaram nem 1 milhão de Euros nem 10% disso!
Mas atenção que não acho que os efeitos valessem 1 milhão de Euros! E de qlqr forma, qdo se pedem orçamentos a grandes estúdios os resultados são sempre muito elevados, por uma razão ou por outra. Por exemplo, quando fui fazer os efeitos de lava/vulcões num filme 360º na Alemanha (filme esse que, modéstia à parte, ganhou uma série de prémios, entre eles "Best use of Dome" e ainda recentemente a 24 de Abril no Festival de Espinho "Best Immersion") o produtor tinha pedido orçamento a várias casas de efeitos por esse mundo fora para fazer uma sequência (uma única sequência) de 1'30". Os valores andavam à volta dos 300 K€, sendo o mais barato 125 K€ numa empresa do Mexico. E ele resolveu o problema contratando mais 3 ou 4 gajos (sendo eu um deles) tendo pago no máximo 40 K€ para fazer a dita sequência.
Isto só para dizer que esses valores orçamentais dados pelas casas de produção costumam ser muito inflaccionados.
Numa outra perspectiva e pelo lado oposto, e pegando na deixa do "constatar do estado de coisas em Portugal", fui abordado para fazer os efeitos do filme do Nicolau Breyner, o "Contrato" e cheguei a andar por lá a acompanhar as filmagens. Em conversa com a produtora e com o decorrer das filmagens o nr de efeitos e respectiva complexidade ia aumentando e eu lá ia somando as necessidades, tendo acabado com uma equipa de 3/4 pessoas durante 2/3 meses para fazer tudo o que era pretendido. No final das filmagens foi feita uma reunião onde fui informado das dificuldades monetárias e onde fiquei estarrecido com o valor disponível para os efeitos pretendidos: 3500€! E com perspectivas de baixar este valor.
É claro que não fiz efeitos nenhuns, mas alguém os fez (com os resultados que se viram!, mas fizeram, não sei se por aquele valor se não... e se foi por aquele valor compreende-se melhor o resultado final, até acho que ficaram bons demais!) |
_________________ Fernando Martins
www.isisds.com
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romanus |
Colocada: Ter Jun 02, 2009 6:11 pm |
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Veterano
Registo: 11 Mar 2005
Mensagens: 875
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Há bem pouco tempo vi uma reportagem num canal qualquer acerca do final da classe média.
Em vez da classe média e com estudos económicos efectuados a nível mundial mostram que existe uma nova classe... a classe dos 1000 euros.
Já ouviram falar?
Até disseram que era uma classe altamente adaptável ás dificuldades financeiras, visto que tinham que usar uma grande criatividade para viver com o mínimo de condições. Que piada! ( http://ideias-pensamento.blogspot.com/2006/02/gerao-mil-euros.html e http://blogdaformacao.wordpress.com/2007/12/18/geracao-a-rasca/)
Infelizmente é a nossa realidade. E, depois de ver como é a dura realidade (aqui e lá fora), vejo que é impossivel mudar algo a curto prazo e a um nível tão profundo (macro economias e lobby's instituidos, uiui!). Veja-se o caso do Marinho e Pinto quando começa a mexer em poderes instiuidos e tal... é um tal de notícias em jornais (ditos) independentes sobre o que fez e não fez e o que ficou por fazer, e os tachinhos aqui e ali, etc e tal...
Ou seja, na minha opinião, só consegues mudar a título independente, singular. Seja pela qualidade, respeito por ti e pelos outros, determinação, empenho, profissionalismo e, claro está, um pouco de sorte também.
É o salve-se quem puder e não vale a pena (infelizmente) dizer que vamos lá juntar-nos etc e tal para mudar a sociedade actual... Acho que vivemos numa sociedade (e em Portugal principalmente) onde colectividades, associativismos, sindicatos são palavras que são imediatamente conutadas com TACHOS e CORRUPÇÃO.
Eu não me posso queixar, muito pelo contrário. Mas fico triste por ouvir colegas de profissão com anos e anos de experiência e qualidade de trabalho provada a ganharem 500 euros no primeiro semestre deste ano. E ouvir que existem cada vez mais falsos recibos verdes... e que têm que usar software pirata porque não recebem o suficiente para sobreviver! etc, etc... Mas ao mesmo tempo sinto também que este post não passará de um desabafo sem qualquer repercussão, a não ser uma espécie de alívio por saber que existem pessoas que nos compreendem, estão no mesmo estado vergonhoso (mal remuneradas e com recibos verdes, por exemplo), e um partilhar de experiências más ou muito más que cada um de nós (profissionais de uma mesma área) poderá ter tido ou testemunhado.
Concluindo, apenas podemos dizer que esperamos que isto melhore... mas a realidade pura e dura diz-nos exactamente o contrário. Basta olhar para os números - Número de trabalhadores especializados actualmente vs número de trabalhadores especializados em 1990, ordenados actuais e ordenados em 1990 (comparando obviamente custo de vida, etc), prazos de execução, grau de exigência, recibos verdes vs contractos permanentes, etc, etc, etc
Boa sorte a todos caros colegas |
_________________ Rui Romano
www.ingreme.com
www.ingreme.com/reel |
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bry |
Colocada: Ter Jun 02, 2009 6:38 pm |
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Primeiros passos
Registo: 30 Jun 2006
Mensagens: 143
Local/Origem: London, UK
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Eu sei que sao realidades distintas, mas a verdade e' que de muitos pontos de vista, um milhao para cento e tal planos nao e' nada!
Ainda ha' muito pouco tempo uma empresa de vfx do reino unido cobrou um milhao para fazer 2 planos para um trailer...
Parece e e' de facto um exagero, mas o estudio em causa nao deve ter achado assim tanto porque no final ate' acabou por so' usar um deles!
E' muito dificil comparar precos desta forma... sao exigencias diferentes, orcamentos muito diferentes, paises e economias diferentes, etc, etc... |
_________________ "How much wood would a woodchuck chuck if a woodchuck could chuck wood?" |
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fernando |
Colocada: Ter Jun 02, 2009 7:57 pm |
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Novo membro
Registo: 13 Dec 2005
Mensagens: 35
Local/Origem: Lisboa
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VirtualFM |
Colocada: Qua Jun 03, 2009 2:58 am |
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Já faz sozinho
Registo: 28 Jan 2005
Mensagens: 385
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bry escreveu: Eu sei que sao realidades distintas, mas a verdade e' que de muitos pontos de vista, um milhao para cento e tal planos nao e' nada!
Acho que depende do tipo de planos que forem, e sinceramente não acho que se justificasse 1 milhão para estes planos seja em que economia for (a não ser que se contabilizem os custos intangíveis, como o facto de ninguém no seu perfeito juízo colocar o actor principal a 10 passos de um touro a sério).
É das tais coisas: quanto custa um minuto de animação? Se for de uma simulação da roda do "Preço Certo" a rodar, se calhar custa 50€, se for do sorteio do Euromilhões com as bolas todas aos saltos, se calhar custa um bocadito mais, e se for de uma intro de um jogo como os que estão agora a ser apresentados na E3, se calhar o mesmo minuto custa meio milhão de Euros ou mais!
Bom, e obrigado pelo link, Fernando, deu para esclarecer umas dúvidas e já agora aproveito para esclarecer caso alguém também tenha pensado isso!
Da forma que contaste, parece que o Leonel disse na entrevista que tinha pedido um orçamento para efeitos digitais e que lhe tinham dado um valor de 1 milhão de Euros... E que depois tinham "aparecido" 2 gajos Portugueses e feito tudo muito mais barato. (Sinceramente, isso faria de nós uns palhaços!). Mas não foi isto que ele disse!!!
O QUE ELE DISSE foi que o orçamento que lhe deram para fazer o que ele queria, de forma tradicional e com efeitos tradicionais, custaria um milhão de euros. Mas que resolveu o assunto usando efeitos digitais e que assim lhe saiu muitíssimo mais barato! E era este o teor do programa: a utilização de efeitos digitais para melhorar as produções cinematográficas em todos os aspectos, desde se poder fazer o que se quiser e que de outro modo é impossível ou, como neste caso, usar efeitos "invisíveis" de forma a tornar o filme mais apelativo e permitir ao mesmo tempo baixar os custos de produção.
Porque o que se passa é que tradicionalmente seria preciso andar a meter explosivos nos ponto de impacto, teriam de usar mais pólvora e seria perigoso, os actores teriam de usar explosivos com saquinhos de sangue no corpo e isso também é perigoso mesmo que envolva duplos, e se os envolvesse implicaria outros ângulos de filmagem que não seriam tão propícios a contar a história. Os impactos nas paredes também teriam de ser de outra forma, pois não iam destruir a propriedade privada onde o filme foi rodado e isto implicaria maquetes, trabalho de carpintaria, etc e tudo isso custa uma montanha de dinheiro, não propriamente pelo trabalho de carpintaria/pintura em si mas porque isto implica atrasos nas filmagens, maior tempo de preparação das mesmas, mais nervosismo nas filmagens pois as coisas podem correr mal, e se as filmagens corressem mal ou fosse preciso repetir algum plano as coisas teriam de ser reconstruídas, etc. Como resultado, em vez de se usar uma semana para filmar as cenas de acção, ter-se ia de usar um mês em preparativos! Sim, que numa tarde faziam-se uma resma de planos e cada um deles com vários takes. Caso se filmassem as cenas tradicionalmente estava logo posta de parte a questão de se fazerem vários takes... por exemplo, enquanto assim se podiam filmar 4 ou 5 takes de um gajo a levar com um balázio e depois escolher a melhor, de forma tradicional as coisas teriam de ter mt mais ensaios e se corressem mal na altura em que realmente os explosivos detonassem era perder tempo a trocar de camisa (olhem só o stock de camisas novas!) e a limpar tudo de forma a repetir. Ora, isso atrasaria tudo e em vez de 20 planos fazia-se um! Como cada dia de filmagens são dezenas de milhares de Euros, aí é que se poupou o famoso milhão de Euros!
Bom, quanto àquilo do ano 2003, enfim, via-se bem que o Leonel estava nervoso e aquilo ou foi um deslize ou não sei a que curso ele se estava a referir. O homem filmou o "Zona J" em 1998 e "A Sombra dos Abutres" em 1997 e fez mt mais coisas antes de 2000, por isso essa coisa de acabar o curso em 2003... não percebi que curso era, que acho que o Curso de Cinema foi em 1992! |
_________________ Fernando Martins
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VirtualFM |
Colocada: Qua Jun 03, 2009 3:09 am |
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Já faz sozinho
Registo: 28 Jan 2005
Mensagens: 385
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romanus escreveu:
Eu não me posso queixar, muito pelo contrário. Mas fico triste por ouvir colegas de profissão com anos e anos de experiência e qualidade de trabalho provada a ganharem 500 euros no primeiro semestre deste ano. E ouvir que existem cada vez mais falsos recibos verdes... e que têm que usar software pirata porque não recebem o suficiente para sobreviver!
É... realmente este ano tem sido bera! Eu não posso dizer que tenha sido tão mau como esse teu colega, mas tb não tem sido um semestre brilhante! Por outro lado nunca fiz tanto orçamento em toda a minha vida. Já fiz orçamentos este ano no valor suficiente para comprar um apartamento... um T2 ou mesmo um T3 nos arredores de Lisboa...
A pronto!
Infelizmente e com grande pena minha, nunca mais se aprova nada! Nos outros anos isto não aocntecia! Se por um lado tinha muito menos coisas para orçamentar, pelo menos havia muita coisa aprovada! Agora, a percentagem de aprovações é mesmo muito triste, o que quer dizer que ou deve haver por aí pessoal a fazer trabalhos ao desbarato... ou isto são orçamentos "a fingir", ou seja, projectos-fantasma que circulam pelas agências para parecer que o pessoal anda ocupado com papelada e projectos e tem trabalho e não é posto no olho da rua... |
_________________ Fernando Martins
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